Depois de cumprimentar e conhecer um pouco os
missionários que eu ensinaria, na primeira aula, perguntava à eles: "Qual
o seu propósito como missionários de tempo integral?" Eles declaravam:
"Convidar as pessoas a achegarem-se a Cristo, ajudando-as a receber o
evangelho restaurado por meio da fé em Jesus Cristo e em Sua Expiação, do
arrependimento, do batismo, de se receber o dom do Espírito Santo e de
perseverar até o fim." Depois eu lhes perguntava: "Qual o ponto
central do seu propósito?"
As repostas eram variadas, pois alguns não entendiam
minha pergunta; alguns julgavam que a declaração de propósito já era sucinta
demais para que "um ponto central" fosse dela realçado; outros
apontavam a "expiação" como ponto central - pois o sacrifício de
Cristo é o fato mais transcendental do Plano de Salvação; e outro focavam na
palavra "achegar-se". Para evitar debates, pois todos estavam certos
em seu ponto de vista, eu pedia que abrissem na página 9 do Pregar Meu Evangelho (PME). Então eu
designava alguém para ler em voz alta a primeira frase da página, após o
subtítulo: "Batizar e confirmar as pessoas que você estiver ensinando é um
ponto central de seu propósito." Eu lhes perguntava então o que aquilo
significava.
Poucos missionários, quando chegavam no CTM,
entendiam que o ponto central ou principal do propósito deles era ajudar as
pessoas a aceitarem o batismo por água e por fogo. A maioria dos missionários
receberia uma confirmação da veracidade deste principio apenas quando chegassem
no campo missionário. Meu objetivo era plantar neles o máximo de sementes da
verdade, para que quando eles estivessem em suas próprias missões pudessem
desenvolvê-las por si mesmos.
Eu entendo hoje que algumas táticas de ensino que
usavam eram drásticas. Elas não eram erradas, e não fugiam do currículo de
ensino do CTM. Acho que não fui um mau instrutor. Devido ao pouco tempo que
tinha para ensinar os missionários, usava exemplos e recursos que hoje, numa
aula da escola dominical, não usaria. Um desses exemplos e recursos se
demonstra na seguinte situação:
Eu pedia que os missionários imaginassem que
estivessem ensinando uma nova família, e que haviam sido inspirados a ensinar
sobre a Restauração. No final da lição, eles costumavam fazer o convite
batismal. Todavia, eles ouviram o espírito lhes dizer: "Não convite para o
batismo... Não convide para o batismo!". Eu lhes perguntava: O que vocês
fariam então? Haviam planejado convidar, e agora ouviram o espírito dizer que
não devem fazê-lo.
Os missionários pensavam. Alguns respondiam
"marcar outra visita", ou "convidar para ir à Igreja". Eu
lhes dizia que eram convites correto e que deviam mesmo ser feitos. Mas eu
estava falando com relação ao batismo. Eles deveriam convidar a família ao
batismo ou não? "Claro que não" respondiam os missionários quase sem
exceção. Eu então, energicamente, batia no quadro ou na Bíblia e lhes dizia:
"Não! Vocês DEVEM convidar para o batismo!" Vendo as expressões de
susto eu não demorava para explicar: "Se o espírito lhe dizer que não deve
convidar - convide - pois esse espírito não é o Espírito do Senhor! O Espírito
Santo sempre vai nos instar a ir à
Cristo e convidar outros à fazê-lo."
Eu também explicava que o medo e as tentações de Satanás podiam confundi-los. Dizia que,
era verdade, sempre haveria um momento adequado para convidar - poderia ser no
começo da lição, no meio ou no final (ou até depois). Disse-lhes que não deviam
esperar um forte influxo do Espírito Santo para convidar as pessoas ao batismo
e nem que deviam temer falar sobre o batismo durante seu ensino. Dizia que o
batismo era o ponto central de seu propósito e por isso deviam convidar, sem
destemor, as pessoas a seguirem Jesus Cristo. Eu lhes dizia que os eleitos
ouviam a voz do Senhor e não endureciam o coração. Também esclarecia que
poderia haver exceções a esse meu ensinamento, como no caso dos missionários
ensinarem pessoas numa situação peculiar, por exemplo, uma família que acabou
de perder um ente querido. Mesmo assim, eu acrescentava, o convite batismal
poderia ser feito - não com a essência de cumprir uma tarefa ou a finalidade de
aumentar o numero de membros da Igreja - mas com o intento de conceder as
bênçãos mais elevadas de Deus aqueles que tão desesperadamente necessitavam
delas.
Vários missionários, eu percebia, não aceitavam muito
bem esse meu ensinamento. Todavia, ao chegarem ao campo missionário, eles
frequentemente me contavam por carta que eu estava certo. Que eles não deviam
temer fazer o convite e que se o fizessem, da maneira correta e com a devido
entendimento, a probabilidade de cumprirem o ponto central do seu propósito
aumentava muito.
Tenho duas coisas a falar sobre isso: primeiro, a
natureza do batismo e os requisitos para sua admissão; segundo, como um
missionário pode medir seu sucesso com relação a seu propósito missionário.
Natureza do batismo
O batismo é uma ordenança do evangelho. É a ordenança
inicial. Como Néfi falou, é a porta. O batismo é tão importante que o próprio
Senhor Jesus Cristo foi batizado para nós
dar o exemplo. O PME explica:
"A fé em Jesus Cristo e o arrependimento
preparam-nos para as ordenanças do batismo e confirmação. Uma ordenança é uma
cerimônia ou rito sagrado que mostra que fizemos um convênio com Deus.
Deus sempre exigiu que Seus filhos fizessem
convênios. Um convênio é um acordo solene e forte entre Deus e o homem. Deus
promete abençoar-nos, e nós prometemos obedecer a Ele. Deus estabelece os termos
dos convênios do evangelho, que podemos aceitar ou rejeitar. O cumprimento dos
convênios nos traz bênçãos nesta vida e exaltação na vida futura.
Os convênios nos colocam sob a firme obrigação de
honrar nossos compromissos para com Deus. Para cumprir nossos convênios,
precisamos abandonar atividades ou interesses que nos impeçam de honrar esses
convênios. Por exemplo: Deixamos de fazer compras e participar de atividades
recreativas nos domingos para podermos santificar o Dia do Senhor. Devemos ter
o desejo de receber dignamente os convênios que Deus nos oferece e depois
esforçar-nos para cumpri-los. Nossos convênios nos lembram de arrepender-nos
todos os dias de nossa vida. Por meio do cumprimento dos mandamentos e do
serviço ao próximo recebemos e conservamos a remissão de nossos pecados.
Os convênios
geralmente são realizados por meio de ordenanças sagradas, como o batismo.
Essas ordenanças são ministradas pela autoridade do sacerdócio. Por meio da
ordenança do batismo, por exemplo, fazemos o convênio de tomar sobre nós o nome
de Jesus Cristo, sempre lembrar-nos Dele e guardar Seus mandamentos. Se
cumprirmos nossa parte no convênio, Deus nos promete que teremos a companhia
constante do Espírito Santo, receberemos a remissão dos pecados e nasceremos novamente.
Por meio de ordenanças sagradas, como o batismo e a
confirmação, aprendemos a respeito do poder de Deus e sentimos esse poder em
nossa vida. (Ver D&C 84:20.) Jesus ensinou que precisamos ser batizados por
imersão para a remissão, ou perdão de nossos pecados. O batismo é uma ordenança
de salvação essencial. Ninguém pode entrar no reino de Deus sem ser batizado.
Cristo deu o exemplo para nós ao ser batizado. O batismo por imersão é um
símbolo da morte, sepultamento e ressurreição do Salvador.
De modo semelhante, ele representa o fim de nossa
antiga vida e o compromisso de vivermos uma
nova vida como discípulos de Cristo. O Salvador ensinou que o batismo é um renascimento.
Quando somos batizados, damos início ao processo de nascer de novo e tornar-nos
filhos espirituais de Cristo. (Ver Mosias 5:7–8; Romanos 8:14–17.)
Precisamos ser batizados para tornar-nos membros da
Igreja restaurada, A Igreja de Jesus
Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e por fim entrar no reino de céu. Essa
ordenança é uma lei de Deus e precisa ser realizada por Sua autoridade. O bispo
ou o presidente de missão precisa dar permissão a um portador do sacerdócio
para que ele realize o batismo ou confirmação.
As criancinhas não precisam ser batizadas e são
redimidas pela misericórdia de Jesus Cristo. (Ver Morôni 8:4–24.) Elas não são
batizadas até atingirem a idade da responsabilidade, aos oito anos de idade.
(Ver D&C 68:27.)
Antes do batismo mostramos nossa disposição de fazer
o convênio de guardar todos os mandamentos por toda a vida. Depois do batismo
mostramos nossa fé cumprindo nossos convênios. Também renovamos regularmente os
convênios que fazemos quando somos batizados tomando o sacramento. Tomar o
sacramento todas as semanas é um mandamento. Ele ajuda-nos a permanecermos dignos
de ter o Espírito sempre conosco. É um lembrete semanal de nossos convênios.
Jesus Cristo apresentou essa ordenança a Seus Apóstolos pouco antes de Sua
Expiação. Ele a restaurou por intermédio do Profeta Joseph Smith.
O Salvador ordenou que os portadores do sacerdócio
ministrassem o sacramento em lembrança de Seu corpo e Seu sangue, que foi
derramado por nós. Ao tomarmos o sacramento dignamente, prometemos sempre nos
lembrar de Seu sacrifício, renovamos nossas promessas e recebemos novamente a
promessa de que o Espírito estará sempre conosco.
Jesus ensinou que precisamos ser batizados pela água
e também pelo Espírito. O batismo pela água precisa ser seguido do batismo pelo
Espírito ou estará incompleto. Somente depois que recebermos o batismo e o dom do
Espírito Santo poderemos receber a remissão de nossos pecados e tornar-nos
completamente renascidos espiritualmente. Começamos então uma nova vida
espiritual como discípulos de Cristo.
Depois que a pessoa é batizada pela água, um ou mais
portadores autorizados do sacerdócio impõem as mãos sobre a cabeça da pessoa e
a confirmam membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Eles
então lhe conferem o dom do Espírito Santo." (Lição 3, pg. 63-65)
Requisitos para admissão do batismo
Eu costumava fazer a seguinte pergunta para os
missionários: "Precisamos conhecer tudo sobre os convênios entre Deus e o
homem para os aceitarmos?" A palavra "tudo" e a minha maneira de
ensinar faziam com que os missionários pensassem bem antes de responder.
"Não! Não
precisamos saber, precisamos acreditar!" Eu lhes respondia. E
depois explicava que raramente alguém que é ensinado pelos missionários
compreende a extensão dos convênios firmados no batismo. Na realidade, uma
pequena parcela de entendimento é dada ao converso para que ele saiba que o
convênio provém de Deus, mas a maior parte se explica com fé.
Eu
prosseguia dizendo que o Senhor não pedia que entendêssemos tudo sobre as
ordenanças, doutrinas e convênios antes de os recebermos. Alguém que recebe a Iniciatória
e Investidura no Santo Templo dificilmente entenderá a ordenança por completa,
mesmo depois de várias vezes observando-a, pois é cheia de simbolismo. Assim
percebemos, eu frisava ao élderes e sisteres, que o Senhor exerce grande
misericórdia em permitir-nos tomar sobre nós algumas obrigações que não
entendemos por completo. Afinal sem essas ordenanças não poderíamos voltar a
Sua presença.
Os
candidatos ao Chamado e Eleição não precisam de conhecimento sobre essa
ordenança para recebê-la. Entretanto, após aceitarem-no devem procurar entender
as obrigações e responsabilidades que advém desse sagrado convênio. O mesmo
principio é valido para todos os outros convênios com Deus.
O
que se precisa é fé – que não é um conhecimento perfeito (Alma 32:21). Esse
principio foi muito esclarecedor para mim, pois ajudou-me, como missionário, a
entender que não precisava informar minuciosamente o pesquisador sobre todos os
pontos do evangelho. De fato eu precisava tão somente ajudar o pesquisador a se
sentir confiante que, embora não soubesse tudo (ou talvez quase nada) a
respeito a Igreja, batismo e doutrina do evangelho, a sua escolha era boa. Se
ele tivesse um grande desejo de se batizar,isso era o suficiente!
O requisito mais
importante para o recebimento de uma ordenança é o desejo – não o conhecimento (Alma 32:16). É verdade que é melhor que aqueles que recebem uma
ordenança tenham um testemunho e conhecimento sobre o que estão firmando com
Deus. Todavia, repito, o Senhor não exige esse conhecimento antes. Ele o exige depois. Ninguém será salvo em ignorância aos convênios firmados
(D&C 131:6). Deve ser por isso que o Senhor ordenou aos élderes que
pregassem uns aos outros, segundo os convênios (D&C 107:89) – por que
nenhum dos élderes entende plenamente o que consiste o juramento e convênio do
sacerdócio quando o recebe.
Creio que haveria
menos barreiras para que conversos fossem batizados, irmãos recebessem o
sacerdócio e pessoas entrassem no Templo se todos nós entendêssemos que Deus
confia muito em cada um de nós, a ponto de permitir que recebamos sagradas
responsabilidades em ritos divinos mesmo conhecendo pouco sobre eles. E em sua
grande condescendência para com os filhos dos homens é capaz de absolver um
transgressor que não conhecia suficientemente e pecou, por ignorância, contra
um convênio.
O pesquisador não
precisa saber sobre a doutrina da “água, sangue e Espírito”, não precisa saber
sobre o simbolismo da ressurreição no batismo e nem precisa entender alguns
pontos que os missionários julgam vitais,
e realmente não o são. Espero estar sendo claro: um missionário não deve deixar
de batizar uma pessoa porque ela não sabe
se Joseph Smith foi um profeta de Deus. Vocês devem estar pensando, assim como
os missionários que ensinei pensavam: “mas como? Isso é um absurdo: essa pessoa
vai se afastar do reino sem um testemunho. Não vou batizar para condenação!”
Mas calma! A pessoa a ser batizada não precisa de um testemunho – não, ao
menos, um testemunho como o dos missionários. Essa pessoa precisa acreditar[1].
Quais são as
perguntas da entrevista batismal?[2] As
perguntas são: Você acredita em Deus,
o Pai Eterno? Você acredita em Jesus
Cristo? Você acredita que Joseph
Smith foi um profeta? Você acredita
que temos um profeta vivo? etc. Perceba que a pergunta começa com “Você acredita...?” e não “você sabe...?” Isso indica que o pesquisador
não precisa de um testemunho para ser batizado. Depois do batismo, que talvez
seja a prova da fé necessária para receber um testemunho, o pesquisador
crescerá em compreensão "linha sobre linha, preceito sobre preceito".
Ele estará pronto para responder as perguntas para uma recomendação para o
Templo, cuja Tônica das questões são “Você sabe...?”
e não “Você acredita...?”. Nessa
ocasião, com relação aos ritos e ensinamentos do Templo essa pessoa entenderá
pouco, mas a respeito do convênio batismal terá avançado incomensuravelmente.
Quero deixar bem
claro que o Senhor alistou os requisitos para o batismo, e ninguém que não os
cumpra deve ser batizado. Há requisitos para todas as ordenanças do evangelho.
Os missionários-líderes entrevistam os pesquisadores para verificar se os
candidatos: (1) humilharam-se perante Deus; (2) desejam ser batizados; (3)
apresentaram-se com um coração quebrantando e espírito contrito; (4) testificaram
à Igreja (isso é feito na entrevista batismal perante um representante oficial
da Igreja) que se arrependeram e estão dispostos a tomar sobre si o nome de
Jesus Cristo, com o firme propósito de servi-lo até o fim, e realmente
manifestarem por suas obras que receberam o espírito de Cristo para remissão de
seus pecados.
Depois de expor
isso eu perguntava: "Notaram algum requisito do tipo decorar as datas da
Restauração, ter lido todo o Livro de
Mórmon ou saber o nome dos Doze apóstolos atuais? Não? Então porque protelar o
batismo de alguém que já tem o que se precisa: humildade, desejo e disposição?"
A face de alguns
missionários me revelava que ainda não haviam me compreendido. Eles diziam,
ainda que mentalmente: “Mas irmão, é
claro que não vou exigir tudo isso,
mas se eu sentir que o pesquisador ainda não esta pronto, e que ele vai se
afastar da Igreja?”
Meu conselho
sobre isso era: batize-o! Se ele
deseja ser batizado, batize-o. É claro que pecados sérios, como lei da
castidade, crimes contra lei, aborto, homossexualismo, e outros devem ser
resolvidos antes do batismo. E não devemos batizar alguém que não tenha o
desejo sincero ou não cumpra os requisitos que a Primeira Presidência alistou
em PME, página 222: como, por exemplo, a frequência a várias reuniões sacramentais. Também não é a mera curiosidade que
qualifica alguém. Outros cuidados, como ter a permissão do conjugue e a
assinatura dos pais, no caso de menores de idade, devem ser observados. Mas
isso tudo esta bem explicado no capítulo 12 de PME.
Não existe
batismo para condenação. O batismo da Igreja verdadeira é para salvação.
Sempre! Não batizamos ninguém para ser expulso da presença de Deus! Se o
Espírito confirmar a você, missionário, que deve batizar tal pessoa, e logo
depois você pensar: “mas ela tem duvidas sobre isso ou aquilo...” Lembre-se:
você também tem perguntas! Todos nós temos! Enquanto vivermos debaixo do véu haverá
sempre coisas a serem entendidas, ou melhor compreendidas. É assim, era para
ser assim. Isso faz parte da provação mortal. Ajude seu pesquisador a entender
que não precisa saber muito para ser batizado. Você não deve deixá-lo num campo
de conforto ou temor – deve ensiná-lo a buscar, pedir e bater com diligência –
mas deve assegurar que o que é necessário é uma fé simples – que Deus o ajudará
mesmo que não haja plena certeza em seu coração. Se houver apenas uma intuição
de que é algo bom, algo louvável, algo a ser buscado, então o persuada a seguir
isso.
Talvez se
impressionem com esse ensinamento, mas é a pura verdade. Lorenzo Snow recebeu
um testemunho apenas cinco semanas depois do seu batismo! Não foi antes, foi depois.
Quando, aos 23
anos, Heber J. Grant foi chamado para presidir a Estaca Tooele, disse aos
santos que acreditava que o evangelho
era verdadeiro. O Presidente Joseph F. Smith, que era conselheiro na Primeira
Presidência, perguntou: “Heber, você disse que acreditava no evangelho do fundo
do coração, mas não prestou seu testemunho de que sabe que ele é verdadeiro.
Você não tem certeza absoluta de que o evangelho é verdadeiro?”
Heber respondeu:
“Não, não tenho”. Joseph F. Smith virou-se para John Taylor, que era presidente
da Igreja, e disse: “Em minha opinião, devemos desfazer agora à tarde o que
fizemos pela manhã. Não creio que um homem deva presidir uma estaca sem um
conhecimento perfeito e inabalável da divindade desta obra”.
O Presidente
Taylor respondeu: “Joseph, Joseph, Joseph, [Heber] sabe tão bem quanto você. A
diferença é que ele ainda não sabe que sabe”.[3]
Em poucas
semanas, esse testemunho foi reconhecido, e o jovem Heber J. Grant verteu
lágrimas de gratidão pelo perfeito, inabalável e absoluto testemunho que
recebeu nesta vida.
Todos os
pesquisadores sabem, mas não se lembram disso por causa do véu do esquecimento.
O Espírito pode fazê-los lembrar de tudo, pois penetra até as profundezas de
Deus.
Respeite o
arbítrio do pesquisador caso ele não sinta que é à hora. Lembre-se que você não
batiza uma pessoa para agradar seus líderes, aumentar o número de membros da
Igreja, se vangloriar ou por qualquer outro motivo ,se não o do eterno
bem-estar da alma dos filhos de Deus. Deixe
muito claro ao pesquisador que um entendimento melhor sobre os convênios,
ordenanças e leis de Deus só virá após o batismo – porque é o Espírito Santo
que nos ensinará todas as coisas, não a Luz de Cristo. Além disso o tipo de
conhecimento que o pesquisador esta buscando é um conhecimento espiritual que
deve ser vivido para ser aprendido.
A Luz de Cristo
que o pesquisador já tem o ajudará a reconhecer o certo e o errado. O poder do Espírito
Santo trabalhará com essa luz e o pesquisador sentirá que os missionários falam
a verdade. Tal pessoa desejará seguir o que os representantes de Cristo falarem
– por causa do poder do Espírito. Ela pensará algo do tipo: “Não entendi bem o
que eles disseram, mas me sinto bem a respeito e desejo conhecer mais”; ou:
“Nunca vi esses rapazes (ou moças), não obstante tenho a impressão que me são
familiares, parece que já os ouvi e que somos amigos a longo tempo”; ou ainda:
“Orei a respeito desse livro não sei se senti o que eles me disseram que
sentiria, e nem entendi bem o que é apostasia, restauração e expiação... mas me
sinto tão feliz ao ir a Igreja e ouvir esses jovens... parece que o vazio que
seu sentia foi preenchido!” Esse é o Espírito ajudando!
O propósito final
do missionário e batizar pela água e pelo fogo e ajudar as pessoas a perseverar
em sues convênios. Não é ensinar, é
batizar! É obvio que você batizará alguém que ensinou, pois a fé é pelo
ouvir. Mas todo seu ensino, estudo, oração devem ser direcionados para o
batismo. Depois deve haver um acompanhamento sincero para que os convênios
batismais sejam vividos plenamente. O ensino é o meio adequado para que o
pesquisador ache a porta, e entre por ela.
É muito melhor, e
creio ser possível (devido a minhas próprias experiências como missionário),
que um pesquisador entre nas águas do batismo com certeza de pelo menos cinco
coisas: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de Mórmon é
verdadeiro e temos um profeta vivo. Creio que ele pode saber isso antes do
batismo, se desejar buscar. Mas se ele não obter esse conhecimento pode se
batizar como uma prova de fé, uma prova de que quer um testemunho. Se ele o
fizer satisfará o requisito de se agir
para receber um testemunho, pois a ação, ou obra, será a prova da fé.
Elder Callister,
dos Setenta, disse numa conferência geral: "Conversei certa vez com um
excelente rapaz que não era da nossa religião, embora tivesse assistido à maior
parte de nossas reuniões de adoração por mais de um ano. Perguntei por que ele
não havia-se filiado à Igreja. Ele respondeu: “Porque não sei se ela é
verdadeira. Acho que ela pode muito bem ser verdadeira, mas não posso
levantar-me e testificar, como vocês fazem: ‘Sei, sem dúvida, que é
verdadeira’”.
Perguntei: “Você
já leu o Livro de Mórmon?” Ele respondeu que tinha lido algumas partes do
livro.
Perguntei se
tinha orado a respeito do livro. Ele respondeu: “Eu o mencionei em minhas
orações”.
Disse a esse
jovem amigo que, enquanto ele fosse superficial em sua leitura e orações,
jamais descobriria, nem que se passasse uma eternidade. Mas, se ele reservasse
uma ocasião para jejum e súplica, a verdade arderia em seu coração, e então
saberia que sabia. Ele não falou mais nada, mas disse à esposa, na manhã
seguinte, que faria um jejum. No sábado seguinte, foi batizado.
Se você quiser
saber que sabe o que sabe, é preciso pagar o preço. E só você pode pagar esse
preço. Há procuradores para realizar as ordenanças, mas não para adquirir um
testemunho.”[4]
Alma descreveu a
conversão com estas belas palavras: “Eis que jejuei e orei durante muitos dias,
a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que são
verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou (Alma 5:46)”.
Eu sei que a
Igreja de Jesus Cristo é verdadeira. Tenho um testemunho ardente sobre essas
cinco verdades: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de
Mórmon é verdadeiro e temos um profeta vivo. Sei dessas coisas muito bem, e
creio que sempre o soube, mas me dei conta delas na juventude. Seu pesquisador
se dará conta do testemunho dele em alguma ocasião, que talvez será após o
evento do batismo.
A conversão,
lembre-se, não é um evento, é um processo, mas o marco do batismo é um evento
que ajudará e até permitirá a plena conversão. Testifico que a conversão não se
finaliza com o batismo. Na realidade o batismo é a porta inicial, como tão
enfaticamente mostrei. Portanto batizemos todos que desejarem e preparemos o
caminho para a Segunda Vinda do Messias!
Batismo e Sucesso
Como o ponto central do propósito missionário é o
batismo, alguns missionários julgam que tiveram sucesso caso batizem dezenas ou
centenas de pessoas. Outros envergonham-se ao dizer que batizaram um ou dois
pesquisadores em toda sua missão. O fato é que o número de batismos não prova
se uma missionário teve sucesso ou não.
O PME ensina: "Seu sucesso como missionário é
medido principalmente por sua dedicação
em encontrar, ensinar, batizar e confirmar pessoas e ajudá-las a tornarem-se
fiéis membros da Igreja que desfrutam a presença do Espírito Santo"
("Um Missionário de Sucesso", pg. 10, itálicos adicionados).
Assim, o desejo em cumprir o propósito é o fato mais
importante para se medir o sucesso. Seu desejo deve ser o de batizar todo mundo. Como Morôni disse: " E eu
quisera que todos os homens fossem salvos", ele sabia, porém, que nem
todos o seriam (Helamã 12:25). Devemos orar como Néfi: "E oro ao Pai, em
nome de Cristo, para que muitos de nós, senão todos, sejamos salvos no seu
reino no grande e último dia" (2 Néfi 33:12).
Falarei mais a respeito do sucesso missionário, como
podemos saber que estamos sendo ou fomos missionários de sucesso no capítulo 7.
Basta, por ora, o entendimento que o missionário que não se esforça em batizar
não compreende seu propósito missionário.
[1] A História de Amon ao ensinar o rei e a rainha de
Ismael nos ensina sobre a diferença de crer
e saber: Amon “sabia” o que estava
acontecendo com o rei, ao desmaiar porque Deus lhe revelara não só o que estava
acontecendo, mas o aconteceria. Quando Amon entrou para ver o rei “soube que
não estava morto” e que não deveriam sepultá-lo. (Alma 19:7-8) E foi capaz de
prometer quando exatamente o rei se levantaria.
Ele perguntou a rainha se acreditava nele.
Ela respondeu que não tivera prova alguma, exceto as palavras daquele nefita –
o qual sua tradição abominava, e que ela nunca vira antes – e a palavra de
alguns servos. “Não obstante” disse ela, “acredito que serás como dizes” (Alma
19:9). “E disse-lhe Amon: Abençoada sejas por causa de tua grande fé; digo-te,
mulher, que nunca houve tão grande fé entre todo o povo nefita.” (Alma 19:10)
A grande fé da rainha tão somente nas
palavras daquele missionário, se assemelha a fé manifestada pela viúva de
Sarepta (I Reis 17:8-16), da mulher de Cananéia (Mateus 15:21-28) e a do
Centurião (Mateus 8:5-10). Essa fé não era um conhecimento perfeito.
A rainha velou junto à cama do marido
daquele momento até o dia seguinte.
A fé de Amon, da rainha e do rei Lamôni
mostram e ensinam muito sobre esse principio fundamental e básico. Amon agiu
com retidão, ensinou o rei Lamôni com poder (Alma 17-18). Esse, após
ouvir a palavra exerceu tamanha fé que o “escuro véu da incredulidade”
começou a ser removido e “a luz da glória e Deus” começou a iluminá-lo (Alma
19:6). Quando o rei Lamôni foi “arrebatado em Deus”, a fé da rainha foi posta
a prova (Alma 19:4-5). Amon não apenas acreditava que o rei “estava sob o
poder de Deus”, mas ele sabia disso (Alma 19:6-7) . E a rainha acreditou
em Amon sem relutância (Alma 19:9-10).
As palavras e expressões agir, poder,
exercer fé, por a prova, acreditar e saber servem
para expor a doutrina da fé de modo claro.
Amon tinha uma grande fé (Éter 12:15). Ele
não apenas acreditava, mas sabia a
respeito da misericórdia de Deus. “A alguns é dado saber, pelo Espírito
Santo, que Jesus Cristo é o Filho de Deus (...) A outros é dado crer nas
palavras deles (...)” (D&C 46:13, itálicos adicionados). Se Amon não se
qualificasse para saber que o que ensinava era verdadeiro, não teria
poder para convencer outros a acreditarem em suas palavras.
O processo de adquirir fé começa ao lermos
ou ouvirmos a palavra de Deus (Alma 32:26-28, Romanos 10:17). Foi assim com
Amon e os lamanitas. Depois disso, tal como Amon: desejamos (Mosias 28:3),
pedimos (Mosias 28:5, Alma 17:2-3) e agimos com retidão, mesmo não tendo
perfeito conhecimento sobre o assunto, ou somente esperando ser certo e bom
(Alma 17:2-38). Foi também dessa maneira que o rei Lamôni adquiriu fé: ouviu a
palavra, desejou, pediu e agiu (Alma 18:14-43).
Ao fazermos essas coisas, ter contato com
a verdade, desejar ter fé, pedir e agir conforme nós sentimos ser certo, o que
corresponde a fazer nossa parte, as ternas misericórdias de Deus (1 Néfi
1:20), na forma de prova, confirmação, sinal ou testemunho, virão. Então
adquiriremos um conhecimento perfeito a respeito do assunto (Alma 32:34).
“A fé, se não tiver as obras, é morta, em
si mesma” (Tiago 2:17) e a ação fervorosa leva ao poder de Deus (1 Néfi 1:20;
Alma 57:25-27; Morôni 10:3-5). Não recebemos “testemunho senão depois da prova
de nossa fé” (Éter 12:6). Fé é acreditar
em algo que não vemos, mas reconhecemos que existe. Fé “é o firme fundamento
das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem” (Hebreu 11:1).
Amon possuía uma fé vigorosa, seu poder lhe adveio por essa fé. Sua fé
possibilitou que outros exercessem fé verdadeira. A fé é portanto um princípio
de salvação tanto para o individuo como para outros a seu redor.
[2] Ver Agenda Missionária,
páginas introdutórias.
[3] Ver Heber J. Grant, Gospel Standards, G. Homer Durham
(comp.), 1941, pp. 191–193
[4] Saber que sabemos,
Élder Callister, Conferência Geral de outubro de 2007
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